Animais silvestres são vítimas de queimadas e atropelamentos
- Tainá de Sousa
- 22 de nov. de 2017
- 7 min de leitura
Reportagem Especial
Fauna em Risco
Animais do cerrado correm risco de serem extintos, sofrem por conta de ações dos homens como queimadas e atropelamentos
A fauna e a flora do cerrado tem sido constantemente devastadas. Sofrido com muitas ações dos homens e da própria natureza. Em 12 anos, as espécies animais ameaçadas de desaparecer passou de 75 para 176. O mais grave: nesse período, nenhuma dessas espécies deixou a lista. Existem quatro que estão correndo risco de desaparecimento eminente. Trata-se da borboleta Hyalyris fiammetta, aves como o pararu-espelho e a rolinha-do-planalto e o rato candango. Não somente os animais, as nascentes e os rios que antigamente jorravam água agora estão secando e sumindo. O que não deixa de gerar uma consequência sobre a fauna, pois é de onde vem a sobrevivência deles, da natureza.
Na lista de espécies de aves aquáticas há várias espécies em risco de extinção. Conforme a gradação de ameaças propostas pela IUCN (União Internacional de Conservação da Natureza). Desde vulnerável, ameaçada, criticamente ameaçada ou extinta na natureza. Este é o caso do Pato-mergulhão. Espécie criticamente ameaçada de extinção que habita rios de altitude, corredeiras com águas oxigenadas e cristalinas. Esta espécie singular que habita somente quatro regiões disjuntas em três estados brasileiros, quais sejam: Serra da Canastra e Serra do Salitre em MG; Jalapão no Tocantins; e Chapada dos Veadeiros em Goiás. Segundo a Mestre em Desenvolvimento Sustentável e doutoranda em Ciências Ambientais pela UnB Gislaine Disconzi.
Epecialista em conservação da biodiversidade, coordenadora em nível nacional o Censo Neotropical de Aves Aquáticas – CNAA Brasil que identifica e mapeia espécies de aves aquáticas que vivem e dependem de ambientes aquáticos no Brasil. Declarou em entrevista que “As principais causas de extinção é fragmentação de habitat decorrentes do desmatamento indiscriminado, o fogo, a construção de usinas hidrelétricas e de grandes empreendimentos, expansão urbana e invasão biológica de espécies exóticas”. As queimadas provocadas (incêndios) são devastadores para alguns grupos, pois após uma seca longa (mais de quatro meses) os animais encontram-se em estresse nutricional e quando vem o fogo elimina toda microfauna e microflora ocasionando mais escassez de alimentos. Pouco se sabe sobre esse fenômeno conhecido como a fome cinza (Gray Hungry) que pode ocasionar a perda de indivíduos. “Pode-se dizer que há pouco conhecimento sobre como evitar tais fenômenos, mas definitivamente controlar os incêndios provocados pelo homem é uma das principais ações a serem tomadas.”
A fragmentação de ecossistemas é um problema atual que empobrece os biomas, diminuindo consideravelmente a biodiversidade. Acarreta a descontinuidade de ambientes, deixando a paisagem como uma colcha de retalhos difícil de ser conectada. “Por isso, os corredores ecológicos são de grande importância na atualidade para minimizar essa fragmentação”, apresenta Disconzi. As pessoas vivem em um mundo cheio de informações e a questão da perda da biodiversidade é algo secundário. Poucas pessoas tem noção do que seja a eminente perda de espécies e o que isso pode acarretar para a natureza ou para vida delas. Alguns especialistas dizem que quando houve a perda de alguma espécie é porque já houve a quebra de interação! Humbold já dizia: “Tudo é interação e reciprocidade”.
Espécies em risco de extinção:
Campanha de proteção aos animais nas estradas
Em um levantamento feito pelo Ibram (Instituto Brasília Ambiental), aponta que de abril de 2010 até março do 2015, 5.355 animais foram atropelados e em sua maioria não sobreviveram. Esses acidentes são mais comuns em rodovias duplicadas como a BR-020 e vias próximo a unidades de conservação de proteção integral. A pesquisa foi feita para o Projeto Rodofauna, do Ibram, resultou na tese do Doutorado de Santos, para o curso de Ecologia da UNB (Universidade de Brasília). O balanço do projeto deu origem a mapas de incidência de atropelamentos. O material pode servir para embasar campanhas de conscientização da população a respeito de cuidados com a fauna. “O atropelamento é um impacto maior que o tráfico para a fauna. Isso porque perdemos o animal, não existe possibilidade de retorno ao meio ambiente”, afirma o analista do Ibram. Não somente atropelamentos, carros grandes e caminhões também matam a fauna com rajadas de vento. Espécies de pequeno porte, como Volatinia Jacarina, conhecido como tiziu, morre com o impacto do vento.
Flávia Maria (voluntária):

Segundo a servidora pública e voluntária Flávia Maria, a campanha de proteção aos animais nas estradas, AAF (Associação dos Amigos das Florestas) começou em junho de 2016. A ideia surgiu a partir da sua percepção da quantidade de animais atropelados, por conta de suas idas e vindas de Brasília até o alto paraíso, onde construiu uma casa. "Os canídeos, que são as Raposas e os Cachorros do Mato, dentre os mamíferos são as espécies mais vulneráveis" e 40% de todos os animais atropelados são aves. Ela juntamente com um grupo de amigos que apoiam a causa fizeram palestras, vídeos, panfletagens no meio da rodovia com o intuito de conscientizar as pessoas.
Tem feito reuniões com a GTOP (Agência Goiâna de transportes) para implementar medidas mitigatórias de redução de velocidade para 60 km para tentar reduzir esses atropelamentos. Além de passagens de Faunas subterrâneas, com aproveitamento dos dutos de água, passagens áereas para os animais arbóreos como os Saguis, sonorizadores e monitoramento das vias constantes. É necessário ter alguns cuidados, os principais são: não jogar alimentos na estradas, pois servem de atrativos dos bichos para a pista e estar atento às placas de travessia de animais. É necessário ter alguns cuidados, os principais são: não jogar alimentos na estradas, pois servem de atrativos dos bichos para a pista e estar atento às placas de travessia de animais. Ao encontrar um animal silvestre atropelado com vida, acione o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), capacitado aos resgates. Os telefones para contato são a Central 190 e o canal direto de comunicação com o batalhão, pelo celular (61) 99351-5736.

"Agente não vai conseguir acabar com os atropelamentos, mas vai reduzir muito" ressalta, Flávia Maria.
É necessário ter alguns cuidados, os principais são: não jogar alimentos na estradas, pois servem de atrativos dos bichos para a pista e estar atento às placas de travessia de animais. Ao encontrar um animal silvestre atropelado com vida, acione o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), capacitado aos resgates. Os telefones para contato são a Central 190 e o canal direto de comunicação com o batalhão, pelo celular (61) 99351-5736.
Criação de Animais Silvestres em domicílio
Crônica : Maurício Silva
O que parecia ilegal, salvou uma vida
14 de fevereiro de 2016, Jorge, um senhor de 87 anos que morava apenas com sua esposa. Perdeu seus filhos de forma precoce, e viva apenas com sua esposa Rute, e seus amados cachorros. Morava em uma fazenda humilde, longe da estrada, longe dos prédios, longe dos carros, longe de tudo que lembrava cidade ou indústrias.
Jorge apenas pensava que tudo na vida dele se baseava em cuidar dos seus cachorros e sua esposa, que estava muito doente, e precisava de cuidados. A situação era complicada. Longe de tudo, longe da cidade, hospitais, Jorge apenas colocava todas as esperanças em sua fé, que tudo um dia daria certo, e que sua esposa ficaria melhor.
Todo dia de manhã cedo, ele acordava às cinco horas da manhã para soltar os cachorros para passear e colher café e leite para fazer para sua amada esposa.
Na semana seguinte, dia 20 de fevereiro, ele passeando com seus cachorros, olho para o céu e começou a pensar e falar com as nuvens: ‘’- Senhor, será que está próximo da minha amada esposa me deixar. Eu que perdi meus filhos, perdi tanta coisa na minha vida. Será que agora não irá me restar mais nada, além dos meus cachorros?’’
Na caminhada no caminho de terra, com seus pés umedecidos e sujo por causa do barro, ele percebeu que havia pegadas dos seus cachorros para um caminho totalmente diferente do que eles eram acostumados.
Com muito medo, ele decidiu seguir os caminhos das pegadas, para descobrir para onde os seus cachorros tanto iam atrás. Ele escutou ruídos entre as árvores. Percebeu que não se tratava de nenhuma coisa sobrenatural ou algo que poderia feri-lo. Sentiu como se algo além da sua esposa precisava da ajuda dele para sobreviver.
Chegando na árvore, notou que havia um tucano ferido. O tucano estava ferido com vários cortes no pescoço e na asa. Na mesma hora se agachou, pegou o tucano com sua camisa e levou-o para casa. Jorge que já era um idoso, tentando correr o mais rápido que podia, chegou em sua casa, fez curativos e deixou o tucano em repouso, com esperanças que o animalzinho sobreviveria.
Passou-se 1 semana, dia 27 de fevereiro, Jorge percebia que o tucano já apresentava melhoras. Conseguia se movimentar e se alimentar. Ele havia colocado o tucano perto da cama da sua esposa. Acreditava que se o tucano se recuperasse ao lado de sua esposa, poderia trazer boas vibrações para ela. Só havia um remédio que poderia cura-la. Que era o chá de beladona, que era de uma planta rara, que só nasce em locais úmidos e perto de rios.
Sem esperanças, apenas confiando na sua fé, acordou na semana anterior com seu vizinho batendo na sua porta. Era o Carlos, um senhor rico, dono de terras.
Com um semblante de raiva, disse: ‘’- Você sabe que criar animais silvestres em casa é crime? Eu posso muito bem denunciá-lo por isso’’. Foi o que aconteceu, dois dias depois o IBAMA já estava na sua porta, pronto para capturar o animalzinho. E Jorge nada podia fazer. Abriu a porta da sua residência para os agentes. Os agentes foram até o local onde o animal estava. E algo incrível aconteceu.
Quando os agentes foram capturar o tucano, o tucano começou a voar com uma velocidade impressionante. Voando para a mata, voando para um lugar parecido onde Jorge o tinha encontrado.
Na mesma hora ele foi atrás do tucano para ver onde estava indo. Os agentes foram atrás do senhor, para ver o que estava acontecendo. Chegando lá, o tucano estava ao lado de um córrego, piando, como se ele estivesse querendo avisar alguma coisa.
Chegando perto, Jorge percebeu que o tucano estava ao lado de uma planta, que ele nunca tinha visto na vida. Os agentes no mesmo momento chegaram correndo para avistar o que estava acontecendo.
Um dos agentes vendo a cena do tucano piando ao lado da planta disse: ‘’-Tucano esperto, fugiu para um lugar de difícil acesso. Olha lá, ele pousou até ao lado de um pé de beladona’’ Jorge na mesma hora disse com os olhos cheios de lágrimas: ‘’-Como é que é? Eu não estou acreditando nisso! Minha esposa está quase para morrer, e ela precisa apenas de um chá desse para sobreviver. Eu amo esse tucano!’’
Os agentes comovidos com a história ajudaram Jorge para que ele continuasse com o animal. Dando um termo de depósito para o senhor, para que ele continuasse com o animal por um tempo.
Sua esposa foi curada com o chá e Jorge teve um companheiro a mais. O tucano...O tucano que parecia ilegal, salvou uma vida.
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