Floresta Nacional de Brasília ganha trilhas para caminhadas e mountain bike
- Tainá de Sousa e Thais Costa
- 14 de nov. de 2017
- 4 min de leitura
Unidades de conservações funcionam para recreação e para aumentar a conscientização da população sobre a preservação da fauna e flora do cerrado
Segundo o site do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Preservação), a Floresta Nacional (Flona) de Brasília, em Taguatinga, no Distrito Federal (DF), lançou em julho o projeto Caminhos da Flona. O objetivo é abrir um complexo de trilhas para caminhadas no interior da unidade de conservação (UC). Foram inaugurados os dois primeiros trechos do circuito – as trilhas Jatobá, com 6 km de extensão, e Pequi, com 12 km.

Foram inaugurados os dois primeiros trechos do circuito, a trilha Jatobá, com 6 km de extensão e Pequi com 12 km. O funcionamento será diário, inclusive nos fins de semana, das 7h às 19h.
A unidade é berçário de inúmeras nascentes do rio Descoberto, que garante o abastecimento de água para 65% do DF, incluindo residências, comércio, indústria e agricultura.
“É um local cheio de belezas naturais, ideal para manter a forma física e se conectar com a natureza”, garantiu Rodrigues, chefe da Flona.
Ainda tem a previsão de que até o final do ano sejam inaugurados mais dois trechos do complexo – uma trilha de médio percurso, com 19 km, e outra de longo percurso, com 36 km. Essa última poderá ser feita em dois dias e com direito a pernoite no interior da Flona.

Além dessas Trilhas, a Floresta Nacional também ganhou a maior trilha de mountain bike dentro de uma Unidade de Conservação (UC). O Correio Braziliense noticiou que o caminho é circular e tem 44 km de extensão.
Dentro do caminho, há ainda circuitos menores de 5, 10 e 30 km. Quem estiver na trilha poderá acompanhar em tempo real seu próprio desempenho, graças a um mapa georreferenciado da Flona, disponibilizado pelo ICMBio.
O arquivo poderá ser baixado em smartphones por meio do aplicativo PDF Maps. Com ele será possível visualizar, via satélite, a posição do usuário na trilha, bem como calcular distâncias e fazer mudanças de percurso.
Noticiário do Jornal Regional publicou que o local também abrigará provas de mountain bike, para amadores e profissionais. “Com isso, a Floresta Nacional de Brasília vai se transformar, certamente, no templo do montain bike candango”, diz Robson Rodrigues.
Mapa Georreferenciado da Flona:

Outros exemplos de Unidades de Conservação
Segundo a divulgação do Ibram “Unidade de conservação é um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.
Criadas para proteger a natureza, essas áreas garantem às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais, desenvolvendo atividades econômicas dentro das unidades e no entorno delas. No portal de notícias do ICMBio, o presidente do órgão, Roberto Vizentin, disse que hoje há "50 mil famílias vivendo nas 57 Unidades de Conservação de Uso Sustentável em todo o território nacional -- e que dependem da manutenção dessas áreas para subsistência".
O Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral, com quase 43 mil hectares, e é uma das principais áreas de preservação do Distrito Federal. O Parque protege os rios fornecedores de água potável para os moradores do Plano Piloto. "27% de toda a água que abastece a população vem das nascentes dos mananciais do Parque Nacional de Brasília", destacou Vizentin.
Além de proteger o cerrado brasiliense, o parque oferece à população espaço de lazer com trilhas, piscinas, córregos e muita natureza. Para Roberto Vizentin, é preciso criar mais Parques Nacionais e cuidar bem deles. "É uma contribuição direta, um serviço que o poder público presta à sociedade. Essas áreas, quando dotadas de infraestrutura, têm condições para permitir espaço de convivência cada vez menor nas cidades e centros urbanos", finalizou.
Listagem das Unidades de Conservação do Distrito Federal administradas pelo Ibram: * APA de Cafuringa * APA do Lago Paranoá * APA do São Bartolomeu * APA Gama e Cabeça de Veado * ARIE Cruls * ARIE da Granja do Ipê * ARIE da Vila Estrutural * ARIE do Bosque * ARIE do Córrego Cabeceira do Valo * ARIE do Córrego Mato Grande * ARIE do Paranoá Sul
* ARIE do Riacho Fundo * ARIE do Torto * ARIE Dom Bosco * ARIE JK * Esecae * Monumento Natural do Morro da Pedreira * REBIO do Cerradão * REBIO do Descoberto * REBIO do Gama * REBIO do Guará
O impacto do desequilíbrio ambiental nas reservas
O cerrado brasileiro ocupa cerca de 22% do território nacional e sua fauna e a flora contam com uma grande diversidade de espécies animais. São 837 espécies de aves, 197 de mamíferos, 180 de répteis, 113 de anfíbios e milhares de espécies de insetos. Isso fora a grande variedade de plantas nativas do cerrado. Porém, o desequilíbrio causado pela degradação do ambiente tem feito com que outras espécies de plantas tomem de conta do espaço, antes ocupado por plantas nativas do cerrado.
Conforme matéria publicada na Agência Brasília , em Águas Emendadas, por exemplo, manchas de pinheiros e bambus tomam o espaço da vegetação nativa e atrapalham o desenvolvimento na região. Erosão, extinção de animais e diminuição da oferta de recursos hídricos são apenas o lado escancarado do desequilíbrio ambiental no Cerrado. A situação se revela também por meio do aparecimento de espécies exóticas ou do aumento desordenado de nativas nas unidades de conservação. Isso porque os efeitos do parcelamento irregular do solo e a pressão exercida pela urbanização do território são sentidas também dentro das áreas de proteção. Assim, fauna e flora ficam expostas a alterações profundas.

Há casos em que o simples aumento de indivíduos de uma espécie já é indício de desequilíbrio. Na Estação Ecológica Águas Emendadas, em Planaltina, por exemplo, a população da Trembleya parviflora, popularmente conhecida como quaresmeira, tem se expandido significativamente nos últimos anos. Ela é nativa do Cerrado, mas tem característica oportunista, ou seja, vale-se de mudanças ambientais para se consolidar.
A maior ocorrência da planta coincide com o processo de seca da vereda de 6 quilometro que existe na área. Nela, a água aflora em diversos pontos, até formar os Córregos Brejinho, origem da Bacia do Paraná, e Vereda Grande, ponto de partida da Bacia Tocantins/Araguaia.Por causa da criação de condomínios irregulares nos arredores da área de proteção, o solo tem sido impermeabilizado. O resultado é a redução da disponibilidade hídrica, condição adequada para a expansão da planta. “A vereda seca, e a Trembleyaavança”, resume a analista de Atividades de Meio Ambiente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
Comments