Cerrado pode ser extinto
- Thaís Costa
- 1 de nov. de 2017
- 4 min de leitura
Cerrado Ameaçado
Apenas 19% do bioma está preservado. Diminuição da variedade de espécies animais e vegetais é tão nociva ao ambiente quanto a poluição e alterações climáticas

O site do G1 divulgou pesquisa, sobre situação de devastação no Distrito Federal. O Distrito Federal ocupa o quarto lugar no ranking de unidades da federação que mais perderam seus remanescentes de vegetação natural do cerrado. Segundo a pesquisa, o DF devastou 58% da vegetação nativa, atrás apenas dos estados de São Paulo (81%), Mato Grosso do Sul (68%) e Goiás (57%). Entre julho de 2013 e agosto de 2015, o cerrado perdeu 18,9 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa. São mais de três vezes o tamanho do Distrito Federal devastado em um período de dois anos, segundo os dados divulgados na última semana pelo . Ministério do Meio Ambiente.
De acordo com o levantamento, neste mesmo período, a taxa média de desmatamento anual foi de 9,4 mil quilômetros quadrados. Esta proporção representa um aumento de 33% quando comparado com a análise dos anos anteriores, 2009 a 2011, quando a média anual era de 7,1 mil quilômetros quadrados.
Ainda segundo o estudo, entre os biomas brasileiros, o Cerrado é o que registra o maior ritmo de desmatamento. Para o diretor executivo da organização não governamental de proteção à natureza WWF, Maurício Voivodic, “o desmatamento no Cerrado está fora do controle”. “Não podemos seguir destruindo este bioma que é tão importante para o Brasil, seja em termos de biodiversidade, água e equilíbrio climático”.
Além do monitoramento do desmatamento, o estudo traça como desafio o monitoramento da degradação no Cerrado, intensificada pela ação das queimadas. Sobre o tema, o documento diferencia os incêndios causados pelo homem, considerados como “danosos”, daquelas queimadas que fazem parte da ecologia do cerrado. Esse estudo aponta ainda que o fogo ocorre no Cerrado há pelo menos 25 milhões de anos, e é considerado um dos principais agentes evolutivos para as adaptações morfológicas e da fisiologia da vegetação.
No entanto, o regime de fogo gerado de forma não-espontânea tornaria a “vegetação mais rala, com menos espécies de árvores” e, os ecossistemas, “mais suscetíveis ao fogo”, pois reduziriam a resistência do meio ambiente.
Causas de desmatamento

O cerrado brasileiro tem sido muito degradado pelo homem e por fatores naturais. Segundo o site Geografia Hoje, o cerrado brasileiro é um dos mais importantes biomas do país. Mas, atualmente, encontra-se seriamente ameaçado de extinção. Sua grande variedade de fauna e flora já sofreu alterações em cerca de 80% da biodiversidade original. No Estado de Goiás a situação é ainda pior. Segundo estimativas, 90% da sua cobertura primitiva já foi devastada. O mais grave é que os parques públicos (áreas de proteção) não representam 1% do cerrado goiano. Cerca de 10% do território goiano deveria ser transformado em áreas de proteção ambiental.
Isso porquê 60% de sua área foi substituído por pastagens, 6% dele foi ocupado por grandes culturas de grãos, principalmente a soja. A devastação está atingindo níveis preocupantes, correndo o risco de ser praticamente irreversível. Cerca de 14% da área original do cerrado foram transformados em cidades e estradas, segundo dados da WWF (World Wild Foundation).
A ocupação cada vez mais intensa do cerrado pela agricultura se deve à pesquisa científica que constatou que o solo do cerrado pode manter-se fértil. Tal processo foi importante para o aumento da produtividade agrícola brasileira, mesmo com a maior parte do cultivo sendo direcionada para o mercado externo. Contudo, o processo de modernização do cerrado trouxe custos negativos para o meio ambiente. A expansão foi desordenada e não respeitou, na maioria dos casos, os limites naturais, como matas ciliares ou áreas de grande necessidade de conservação e habitat natural de várias espécies.
Outro problema vivenciado apresentado pelo site Mundo Educação é a ação do fogo. Naturalmente, as queimadas são até benéficas e fazem parte do ciclo de renovação da vegetação local, mas geralmente ocorrem em pequena escala e causam poucos prejuízos. Por outro lado, as queimadas causadas pelos seres humanos ocasionam a total perda das espécies, além de contribuir para o desgaste dos solos da região.
Destruição do Cerrado pode causar escassez de água em todo Brasil
De acordo com matéria do site Época, o Distrito Federal enfrenta sua maior crise hídrica da história. Isso é uma consequência da devastação das nascentes no Cerrado, que é o responsável pelo abastecimento da maior parte do Brasil.
A água que chove no Cerrado penetra o solo e fica armazenada na rocha porosa. É distribuída para o Brasil inteiro: estima-se que, em diferentes proporções, o Cerrado abasteça oito das 12 regiões hidrográficas do país.
A água do subsolo ainda responde por cerca de 90% da vazão dos rios do bioma.

Proteger o que resta do Cerrado é urgente porque as áreas degradadas no bioma são de difícil recuperação. A reconstituição é feita com plantas nativas intercaladas à vegetação exótica: “Mas é um processo complicado, que ainda não dominamos”, diz Rafael Loyola, professor da Universidade Federal de Goiás. Por vezes, a vegetação nativa replantada não vinga. As peculiaridades de formação do bioma dificultam. Ele surgiu há 65 milhões de anos: “O Cerrado está entre os ambientes mais antigos da Terra”, diz Altair Barbosa, professor aposentado da PUC-Goiás e especialista em Cerrado. “Já chegou a seu apogeu evolutivo.” Isso significa que qualquer perturbação no equilíbrio fino entre suas espécies pode causar danos irreparáveis. E custar recursos hídricos importantes para o país todo.
Um vídeo publicado pelo canal Aulalivre explica qual a relação do Desmatamento e da crise Hidríca:
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