top of page

Cura para dengue e outras doenças podem estar em plantas do cerrado

  • Tainá de Sousa
  • 4 de out. de 2017
  • 4 min de leitura

Medicina Natural

O cerrado esconde segredos para a medicina que deveriam ser mais exploradas pelos brasileiros, dizem especialistas

Segundo o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e apresenta ampla diversidade florística, incluindo espécies com propriedades medicinais e nutricionais. O resultado dessa diversidade medicinal é apresentada pelo Correio Brasiliense . Estudos realizados em 2010 nos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais, apontaram que algumas substâncias encontradas em plantas do cerrado podem ser agentes contra a multiplicação do vírus da dengue e rotavírus. “Isso é novidade no Brasil, pois não temos antivirais naturais que efetivamente estejam sendo utilizados. E a inovação maior é que ele poderá vir de uma planta obtida de nossa biodiversidade” comenta a bióloga coordenadora da pesquisa Alzira Batista Cecilio.

Após caracterização das plantas em relação às substâncias antivirais, os pesquisadores fizeram testes com células do rim de macaco rhezus, foi injetado os vírus e o extrato bruto das plantas. Depois de uma espera de 48 horas, os cientistas começaram a analisar o que acontecia com essas células. “A célula que sofreu a ação antiviral não desenvolveu placas, que são sinalizadoras da multiplicação do vírus”, disse Cecilio. Pesquisas na área são feitas para que no futuro possam ser produzidos medicamentos eficazes no combate contra doenças virais. A utilização de plantas medicinais no Brasil.

A utilização de remédios à base de plantas remonta ao início da história cultural humana. Por muito tempo, a maioria das pessoas não teve a sua disposição os remédios sintéticos, usando as plantas na manutenção e controle de enfermidades. Atualmente, no Brasil, quem regula o uso de plantas medicinais é o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, do Ministério da Saúde. Aprovado pelo Decreto nº 5.813/2006, a iniciativa constitui parte essencial para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social como elementos fundamentais capazes de promover a melhoria na qualidade de vida da população.

O PNPMF conta com metas orçamentais propostas de: R$577 mil em 2012.Segundo especialistas, o valor é considerado baixo e insuficiente para uma política pública nacional sobre o tema. Conheça mais sobre o PNPMF na apresentação de Kátia Regina Torres, consultora técnica do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde:

Valorização do cerrado na academia

Em matéria ao jornal Globo ecologia o zootecnista paulista Luís Carrazza, secretário executivo da Central do Cerrado/Rede cerrado, comentou que o conhecimento medicinal das plantas no Brasil é “desqualificado como romântico e sem valor, deixando de ser investigado seriamente pelas Universidades”. Carrazza cita como exemplo de trabalhos que valorizam o tema o livro Farmacopéia Popular do Cerrado, reconhecido como iniciativa de implementação dos objetivos de preservação e conservação pelo Departamento do Patrimônio Genético Secretaria de Biodiversidade e Florestas Ministério do Meio Ambiente. A obra foi realizada em 2009 pela farmacêutica goiana Lourdes Cardozo Laureano e a engenheira agrônoma mineira Jaqueline Evangelista.

Iniciativas de explorar mais essas propriedades tem sido cada vez mais frequentes. No jornal de Brasília foi publicada uma matéria em que vinte e quatro crianças do 4° ano da Escola Classe Ipê conheceram o Projeto Reservar, realizado na chácara no Núcleo Rural Vargem Bonita. As crianças participantes receberam orientações sobre a utilidade e as propriedades das mais de 30 espécies produzidas na chácara desde 1976. É muito importante incentivar mais esses estudos, não somente com crianças. A medicina pode ter um grande avanço caso estude o poder dessas plantas com mais profundidade.

Propriedades nutricionais de plantas e frutas do cerrado

O Marolo é um excelente complemento alimentar, cada 100g de sua polpa, apresenta 50 mg de vitamina A, 21 mg de vitamina C, 0,04 mg de vitamina B1, 0,07 mg de vitamina B2, 0,4 g de proteína, 52 mg de cálcio, 24 mg de fósforo e valor energético de 52 calorias. O pequi, essa fruta é altamente rica em vitaminas A e se destaca entre as espécies frutíferas do cerrado em teores de vitaminas C, que é de 78,72 mg por 100g da polpa, sendo superior a laranja (40,9 mg. 100g) e limão (26,4 mg. 100g) (SANTOS, 2005). Na medicina popular, é utilizado no tratamento de problemas respiratório; as folhas são adstringentes, além de estimular a produção da bílis.

Os estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da Unifal-MG comprovam que as folhas de pitanga-do-cerrado são extremamente ricas em componentes polifenólicos, que auxiliam no processo de redução da glicose. Os componentes do chá da pitanga-do-cerrado também ajudam no aumento das taxas de colesterol bom.

Chá de mama-cadela, segundo uma pesquisadora Mariana Cristina de Morais, é utilizado para manter a doença vitiligo sob controle. Ela relata que as propriedades da planta do cerrado ajudam a evitar que as manchas claras se espalhem pelo corpo dela.

Gomphrena macrophala, com nome popular de paratudo-do-campo ou perpétua. Comprovado: Apresenta as ações antitérmica, antidiarreica, febrífuga, tônica, aromática, entre outras.

Anacardium humile, popularmente conhecido como caju-do-cerrado, caju-anão, cajuzinho e cajuí. Praticamente toda a planta é utilizada na medicina popular. O chá das raízes pode ser utilizado como purgativo e as folhas como antidiarréico. Os frutos são utilizados como antisifílitico, na forma de suco. O óleo da castanha pode eliminar manchas de peles e verrugas.

Annona coriácea, com nome popular de araticum do campo, fruta do conde, cabeça de negro e marolo. As sementes trituradas da planta são utilizadas no tratamento de piolhos e outros ectoparasitas, mas o contato com os olhos pode causar cegueira. Pode ser utilizada para aliviar enxaquecas quando colocada a folha umedecida sobre a testa. Apresentando também propriedades sudoríficas, carminativa, estomáquica, antireumática e antihelmíntica.

Hancornia speciosa, é conhecida no uso popular por mangaba ou mangaba-do-norte. O chá da folha pode ser usado contra cólicas menstruais. Na forma de infusão ou decocção, é utilizada para diabetes e obesidade, e o unguento no tratamento de dermatites. Essas que citei, são apenas algumas das muitas que existem no cerrado e são muito eficazes em diversos tratamentos.

Dica de leitura

O livro Plantas medicinais do cerrado de Botucatu: guia ilustrado (Editora UNESP; 200 páginas) de Luiz Claúdio Di Stasi, professor do departamento de Farmacologia do Instituto de Biociências (IB) da UNESP e Beatriz Castro Maroni, bióloga graduada pelo IB, especialista em Educação Ambiental e fotógrafa amadora traz receitas caseiras feitas com plantas medicinais. “As indicações terapêuticas não apresentam dosagem e forma de preparo, pois o objetivo principal do guia é divulgar a diversidade da flora medicinal do Cerrado regional e dar subsídio a novas pesquisas farmacológicas que possam comprovar os usos descritos”, esclarece Di Stasi.


 
 
 

Comments


bottom of page